quinta-feira, 24 de abril de 2008

Tomar Hollywood

Portugal é um país com uma forte componente de produção de filmes.

Apesar de não ter muito tempo, o mercado de produção de filmes em Portugal está a atingir medidas consideráveis. Entre telenovelas e anúncios muito se produz em Portugal.

A mão de obra barata, um maior número de horas de sol (comparativamente ao resto da Europa), um conjunto de estruturas que facilitam a produção atraem para Portugal muita produção de publicidade do estrangeiro.

Contudo, existe um factor que encarece de forma exponencial a produção de filmes em Portugal.
Esse factor é a dispersão geográfica dos vários elementos.

As empresas de castings e figurantes estão geralmente em polos de grande densidade populacional ( como o centro de Lisboa) , os estúdios em zonas rurais ou pouco habitadas (como a Penha Longa) e os canais de televisão em zonas intermédias (como Oeiras).
Já os especialistas de cada área estão um pouco por todo o lado.

O problema é que os transportes de pessoas, equipamentos, adereços tem custos financeiros, ambientais e sobretudo de tempo enormes.

Seria do interesse de todos que existisse uma cidade, ou concelho, que fosse a cidade do cinema como foi Hollywood no sec. XX.

Agregando estúdios, equipas de filmagens, alugueres de equipamentos, escolas e universidades das várias áreas relacionadas e algumas estruturas complementares todos saiam beneficiados.

Este projecto devia ser o resultado de uma negociação entre o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, a autarquia respectiva e as várias entidades da área de produção.

A zona ideal seria mais ou menos central (de Portugal Continental) não muito longe de Lisboa, mas também não muito perto, para que tivesse oportunidade de crescer e expandir.
Teria de ter bons acessos a Norte e ao Sul, à Costa e a Espanha. Convinha também que fosse uma zona de nível económico médio, com algum património cultural, natural e histórico.

Assim de repente, sugiro Tomar.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Geração Intelligence

As gerações de crianças nascida nos anos 80 e 90 receberam em tenra idade a avalanche de tecnologias que as permitiu absorver informação a uma velocidade nunca antes imaginada.
Entre televisões, computadores, telemoveis, dvds, leitores de mp3 portáteis e outros, os jovens destas gerações desenvolveram naturalmente as suas capacidades de absorção de informação.
Mesmo a cultura de entretenimento teve de ser adaptada às capacidades desta geração. Nos filmes as imagens passam cada vez mais rápido e o número de estímulos por minuto é elevadíssimo e o cruzar de associações é simplesmente impossível de absorver por pessoas de gerações anteriores.
Para simplificar chamemos-lhe a Geração Informação.

A geração informação pagou contudo um preço elevado por esse salto.
As gerações anteriores não estavam preparadas para esta evolução e resistiram o mais que puderam, umas vezes voluntáriamente, outras por não serem capazes de lidar com a mudança.
Especialmente os professores viram-se surpreendidos por alunos que fazem parte de uma nova realidade. Enquanto um professor insiste que um aluno devia ir a uma biblioteca pesquisar, o aluno sabe que consegue essa informação muito mais rapidademente na internet.
Sabemos contudo, que por muito que os professores se queixem, não se vai dar meia volta no desenvolvimento.
E por agora o problema parece sem solução.

Mas o que irá acontecer quando os professores forem da geração informação?
Professores da geração informação a ensinar alunos da geração informação.

Esses professores saberão focar o seu ensino naquilo que é mais importante para quem tem excesso de informação: selecção e análise.
Os filhos e alunos da geração informação terão capacidades inimagináveis para nós aos níveis de pesquisa, selecção, análise e capacidade de decisão.

Esta geração merecerá ser chamada de Geração Intelligence

terça-feira, 8 de abril de 2008

Futurismo - Personal Rapid Transit

Futurismo é o nome que dou a uma técnica de criatividade que pode ser utilizado como uma ferramenta de prospectiva.

Futurismo consiste em, dentro de um certo tema, imaginar a perfeição.
Ou seja, colocam-se várias perguntas e dá-se a melhor resposta em cada uma delas.

As várias respostas combinadas deverão dar algo como:
Doces que não engordam
Natal em Agosto
Uma casa silenciosa e sem problemas com discotecas ao lado.

Vejamos então o caso dos transportes:

Colectivo ou Individual ?
Individual –Não quero estar dependente dos outros. Quero ir de onde me apetece para onde me apetece sem ter de me preocupar com horários.

Público ou Pessoal ?
Público – Não queros comprar nada, não quero encargos nem dívidas. Também não quero estar preocupado com manutenções e inspecções periódicas. Que sejam profissionais a preocupar-se com isso.

Conduzido pelo próprio ?
Não – As crianças, os idosos e os deficientes tambem precisam de transportes e de se sentirem independentes. Também quero poder ir para casa depois de beber uns copos a mais ou ir a dormir se for necessário. E se for possível ir a ler porque ir a conduzir ?
Um dos problemas de transportes públicos individuais é que quando há uma deslocação massiva de pessoas (dos empregos para as casas) todos os transportes se deslocam no mesmo sentido e assim não são suficientes para todos. Ex. bicicletas gratuitas.
Os transportes precisam de ser capazes de regressar vazios.

Conduzido por pessoas ou máquinas ?
Máquinas – Menos erros o que conduz a mais segurança e mais precisão.
Menos custos em horas de trabalho. Se for conduzido por pessoas nunca servirá para as classes mais baixas.

Com linhas dedicadas ou na via genérica?
Linhas dedicadas – Segurança total. Velocidade máxima. Eficiência energética.

Combustível ou Rede Elétrica ?
Rede Elétrica – Melhor para o ambiente.

O resultado do exercício já poderão estar a imaginar qual é. Cerca de um ou dois anos depois de ter falado desta ideia a uns amigos, um deles descobriu que a ideia já existe e que até existem alguns esforços na sua implantação.

Para mais informações sobre este sistema, descubram o que é o Personal Rapid Transit.

Dá-me o telemóvel - um caso de bullying

Um pouco já fora de agenda gostaria de dar um input sobre o famoso caso do telemóvel.

O que se passou entre aluna e professora foi uma transferência de bullying, ou talvez, um caso de bullying.

Bullying são os comportamentos sociais, muito comuns nas escolas em que um aluno ou vários agridem (física ou verbalmente) outros alunos com o intuito de marcar uma posição através da humilhação da vítima.
Todos nós testemunhámos casos e a maioria de nós foi vítima ou praticou bullying.

A rapariga como os outro alunos, no sentido de ascenderem socialmente sentem uma necessidade de se impor perante outros. Naquele momento a professora tornou-se a vítima e a aluna quis mostrar que era a superior, assim como os outros alunos. Note-se que eles foram agressores porque provavelmente noutros momentos foram agredidos.
Até me arrisco a dizer que o rapaz que filma e manda comentários foi já ele próprio muitas vezes vítimas de bullying. Digo isto porque geralmente os “engraçadinhos” o foram.

Este tipo de comportamento tem uma origem social muito clara.
A origem reside exactamente naquela imagem conservadora de que numa sociedade deve sempre existir alguém acima e alguém abaixo.

Curiosamente, em nome deste caso vieram atacar o estatuto do aluno.
Ataca-se o estatuto do aluno porque supostamente ao dar direitos e dignidade ao aluno, estamos a retirar autoridade aos professores.
Custa-me a acreditar mas ainda existe quem pense assim no sec. XXI.

Enquanto não se transmitir que as pessoas devem ser respeitadas porque sim. Apenas porque são pessoas.
Os professores não devem ser respeitados porque são professores ou porque são mais velhos. Devem ser respeitados porque são pessoas.
Assim como os colegas alunos.

A ideia de ser o próprio sistema educativo a dizer que há umas pessoas mais dignas que outras e depois estar a instaurar políticas de medo, para que os professores possam “ensinar com disciplina” só vai gerar cada vez mais indisciplina, violência e uma sociedade sem humanidade nem respeito.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O futuro dos cartões de clientes

A maioria das empresas que vendem directamente ao cliente final já tem ou está a planear ter um cartão para os clientes.

Desde bancos e seguradoras, passando por franchisings de lojas de roupas até lojas de cultura, supermercados e gasolineiras todos eles querem ter o seu cartão.

O impasse gerado é mais que óbvio. O cliente de repente vê-se sobrecarregado com tanto cartão e com promoções tão complicadas e de benefícios tão duvidosos que começa a colocar tudo isso de lado. Pior, que tudo, fica com uma sensação constante de estar a perder dinheiro.

Mas num inferno de cartões de várias marcas como pode um cartão distinguir-se de todos os outros?
A resposta é a transversalidade.
Um cartão que tem todos os outros cartões incluídos, com benefícios transversais.

Benefícios transversais de uns para os outros.
O seguro dá-nos desconto na gasolina, o crédito do banco dá-nos desconto em livros e cds e as contas do supermercado oferecem-nos bilhetes para espetáculos.

As empresas também ganham com este sistema.
Ganham novos clientes, porque cada cliente que adere por uma das empresas, acaba por aderir aos serviços das outras.
Ganham pela retenção, porque após entrar neste esquema a pessoa acaba por ficar fidelizada.
E ganham pela informação que recebem dos consumidores. Passam a ter uma base de dados, com os hábitos de consumo, nível de vida, indicadores sociais, etc.
Podem inclusivamente fazer promoções e ofertas dirigidas a um público definido por perfil.

Falta agora saber quem serão as primeiras empresas a ter sucesso nesta potentíssima ferramente de Marketing.

Intelligence no combate à droga

Na Polícia Judiciária Portuguesa existem profissionais que trabalham a nível de análises químicas fazendo comparações entre as diferentes drogas das várias apreensões.

Estas comparações permite-lhes concluir a origem e os vários canais por onde atravessa a droga. Permite também encontrar provas da dimensão de cada traficante, perceber quais são os pontos fracos das redes e desta forma fazer com que o seu trabalho de campo seja muito mais eficiente.
Menos polícias armados, mas muito mais operações de intervenção directas ao objectivo.

É através destes trabalhos que se desmantelam grandes redes, não perdendo tempo com o traficante de esquina e avançando directamente para os grandes traficantes.
Todas estas informações podem posteriormente ser cruzadas com informações de outras áreas, como armamento, negócios e redes.

O intelligence que se obtém a este nível pode fazer com que se evite o surgimento de grandes grupos de crime organizado enquanto ainda têm uma dimensão possível de se combater.

Não possuo informações sobre se a nossa Polícia Judiciária já pratica este tipo de intelligence. Mas o simples facto de saber que analisam numa base contínua e comparativas os vários estupefacientes com que se deparam, significam que já existe um trabalho de intelligence significativo.

Podemos assim tentar imaginar o tipo de operação que estaria envolvida no combate à onda de crime organizado que atingiu a noite do Porto.

Spy Vs. Spy - combate ao terrorismo global

O jogo evoluiu um pouco.
Hoje é Intelligence Vs. Intelligence.

Acho que a melhor forma de explicar o que é Intelligence é dizer “Intelligence foi o que falhou nos EUA antes do 11 de Setembro”.

Como sabemos, a grande guerra dos nossos dias é a do chamado Terrorismo Global.
Mas ao contrário do que somos levados a pensar as grandes batalhas não são os conflitos armados, mas sim os conflitos a nível de intelligence.

Para simplificar digamos que de um lado, temos as forças democráticas e do outro os terroristas globais.
É claro que não é assim tão simples. Nem as forças democráticas são uma grande aliança, nem as forças terroristas são um grande grupo de amigos. Contudo, precisamos de ter em consideração que as forças terroristas, mesmo que não tenham nada em comum sabem que têm muito a ganhar na negociação e no apoio mútuo.

Tanto antes como depois do 11 de Setembro, as forças democráticas (especialmente os EUA, presume-se) analisavam muito o comportamento de possíveis terroristas, negócios de armamento, etc. Naturalmente, depois do 11 de Setembro este esforço foi ampliado exponencialmente.

Do lado dos terroristas também eles tinham um conhecimento amplo dos seus inimigos.

De cada um dos lados, teriam pessoas infiltradas ou então conseguiriam adquirir informações através da compra directa de pessoas bem colocadas. Até que nível, não sabemos.

Cada um dos lados, tem preocupações de pesquisar e analisar o máximo de informação, proteger ao máximo a informação que tem e fazer counter-intelligence, que significa providenciar informação falsa para o inimigo, fazendo-o desperdiçar recursos.

Quando os soldados americanos encontraram Saddam, foi uma forma dos serviços militares americanos dizerem: afinal os nossos serviços de Intelligence funcionam.
Ou seja, as vitórias que vemos de um lado ou de outro são indicadores do funcionamento do Intelligence de cada um.

O que por um lado explica o desejo extremo de vigilância total de alguns governos, nomeadamente o dos EUA e o do Reino Unido. Não querendo com isto dizer que o mesmo se justifica.

Mas é necessário entender-se que a batalha ao nível de intelligence não é uma batalha isolada. Para que este trabalho seja feito, são necessários um conjunto de vitórias a outros níveis. A conquista física e as vantagens diplomáticas são da maior importância.
Aquando da invasão americana a Bagdad, o ministério da defesa foi um dos bombardeados com precisão e destruição total. Este seria muito provavelmente um centro de Intelligence que não se queria operacional.
O facto de estarem muitos soldados americanos em Bagdad também facilita um conjunto de acções de espionagem no Iraque, no Afeganistão e outros países vizinhos. Lembro que acções de espionagem podem ser simples subornos feitos numa praça pública de forma algo discreta.
Outros tipos de informações valiosas podem ser retiradas como: que tipos de armamento tinham? Em que quantidades ? Qual a origem desse armamento ?
Daqui podem se concluir um conjunto de novas informações de elevado interesse estratégico. Pois aquilo que existia no Iraque, até um certo grau de incerteza espelhava o que haveria no Afeganistão.

Também a nível diplomático é extremamente importante conseguirem-se vitórias, porque qualquer aliado é uma fonte muito rica de informação. Quanto mais próximo ele estiver do inimigo, mais importante é que ele se torne um aliado.
Nunca se deve menosprezar a importância da opinião pública. Repare-se como o povo americano tinha um nível de permissividade ao seu governo em 2002, que perdeu ao longo dos anos seguintes. Em 2006, o povo americano já duvidava que o 11 de Setembro tivesse sido obra de terroristas e apontava o dedo ao seu próprio governo.
Quando isto aconteceu fecharam-se canais de comunicação que interessavam ao governo americano e abriram-se outros canais de comunicação que não interessavam.

Não deixa de ser curioso como um país que domina com tanta excelência as técnicas de influência de opinião pública, consegue falhar em temas tão substanciais.

Curioso também é perceber a importância que tem para os terroristas justificar os seus actos, através de processos de auto-vitimização,acusando o outro lado de intolerância contra a sua religião.
É verdade que deste lado há muita intolerância desregrada, mas um terrorista não tem qualquer argumento.
Contudo, através dos nossos erros de intolerância as facções terroristas conseguem atrair os moderados para o seu lado de fanatismo e para as suas causas de destruição.

domingo, 6 de abril de 2008

Macro-Foresight Vs. Micro-Foresight

Embora os nomes sejam auto-evidentes quanto ao seu significado é de alguma importância identificar a diferença entre o estudo macro e micro dentro de Foresight.

Pode-se dizer que o estudo Macro se foca num certo ambiente (Portugal, Oeiras, Ciber-espaço, empresa X, Mundo, etc.) enquanto o estudo Micro se foca num evento.

Se tentarmos analisar como evoluirá o ambiente entre os trabalhadores de uma empresa durante os próximos 10 anos estamos a falar de uma análise Macro.
Se por outro lado, quisermos analisar as consequências de um downsising numa empresa estamos a falar de Micro.

Na prática, um estudo de Micro-Foresight pode ser muito mais vasto, mas por outro lado, fica sempre a dúvida até que ponto um estudo micro pode ser considerado Foresight. Isto porque a importância do Foresight dá-se na transversalidade e no limite da imprevisibilidade.
Mas existem grandes estudos a nível Micro.
Analisar as consequências de um evento como o 11 de Setembro é um exemplo e dentro de um estudo Macro, há sempre a importância de recorrer a um conjunto de análises micro.

As 3 grandes falácias do Foresight

No estudo de Foresight identificam-se 3 grandes erros a serem evitados.

O primeiro erro e mais comum é partirmos do princípio que o aconteceu no passado irá acontecer no Futuro.
Basearmo-nos no passado para prever o futuro é como tentar conduzir com o pára-brisas tapado utilizando apenas os retrovisores. Se a estrada for a direita conseguimos controlar o carro, mas se existir uma curva, então vamos contra a barreira.
Isto é o que se pode esperar se perguntarmos a um historiador sobre o que irá acontecer no futuro.
O foresight começa exactamente em olhar para o que vai ou pode mudar no futuro e perceber as possibilidades que surgem e como devemos agir após estas.

O segundo erro de foresight é partir do princípio que as tecnologias vão ter sucesso sem consultar os profissionais de marketing.
Segundo Frank Ruff, foresighter da Daimler Chrisler este é o erro da maioria das empresas de tecnologias.
Têm uma grande equipa de desenvolvimento tecnológico e um pequeno departamento de Marketing, que não é devidamente consultado.
Um dos exemplos mais flagrantes deste erro foi o que se passou no sector dos telemóveis. Gastaram-se milhões a criar internet no telemóvel, 3G e máquinas fotográficas e nunca foram valorizados.
Quando finalmente alguém se lembrou de colocar mp3 e um rádio Fm num telemóvel tiveram muito mais sucesso, apesar de ser uma tecnologia muito mais simples e mais barata.

O terceiro erro é confundir uma análise micro com uma análise macro.
É um erro especialmente comum entre discussões sobre tecnologias, em que se assume que uma simples tecnologia irá definir toda a competitividade no futuro.
É sempre necessário ter em consideração que num mundo cada vez mais global e cada vez mais plural, há muitos factores a influenciarem-se uns aos outros e não se pode assumir que um isoladamente vá ser mais importante que todos os outros.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Acção e reacção, reacções em cadeia, espirais, bolas de neve, assimetrias espontâneas e Liberalismo

Costuma-se dizer que para cada acção há uma reacção.
Não pretendo ir tão longe. Digamos apenas que para muitas acções há reacções.

Naturalmente, que as consequências das acções podem ser de dois tipos:
A reacção pode neutralizar a acção ou pode ampliar a acção.

Nas situações em que a reacção neutraliza a acção, estamos perante uma situação de equilíbrio dinâmico. Ou seja, em que espontâneamente tudo converge para um equilíbrio. Por exemplo, quando temos sede bebemos água e ficamos bem.

Por outro lado, nas situações em que a reacção amplia a acção estamos perante uma reacção em cadeia: acção causa reacção, que amplia a acção, que amplia a reacção, que amplia a reacção e assim sucessivamente.
Há quem lhe chame bola-de-neve, que eu pessoalmente não gosto. Supostamente se atirarmos uma bola de neve pelo morro abaixo ela vai ficando maior, o que eu duvido.
Gosto de lhe chamar espiral, porque existe um círculo entre os dois ou mais acontecimentos que vai evoluindo num certo sentido, desenhando por tanto uma espiral.
E pode também ser chamado de assimetrias espontâneas, que são as situações, onde espontâneamente não se converge para um equilíbrio, mas sim para um extremo ou tendência.

São várias as ciências onde podemos testemunhar as duas situações: equilíbrios espontâneos ou assimetrias espontâneas.
Fisiologia, Psicologia, Economia, Sociologia, etc.

Naturalmente, os foresighters têm que estar atentos às possibilidades de um ou de outro fenómeno, já que por uma pequena diferença, os resultados são diametralmente opostos.

Mas é na política que este fenómeno toma mais interesse.
Os liberais acham que tudo são equilíbrios espontâneos, enquanto os socialistas e conservadores acham que tudo são assimetrias espontâneas.

Construção de Cenários

Construção de cenários é uma ferramenta estratégica de base foresight que eu tinha idealizado há uns bons meses. Só mais tarde vim a descobrir que já existe uma comunidade científica nesta área, que por sinal está bastante avançada.

Confesso que às primeiras vezes que ouvi falar de planeamento por cenários, pensei que era a mesma técnica.

A construção de cenários parte do pressuposto que há características do futuro sobre as quais temos influência directa e outras sobre as quais não temos.
É uma ferramenta essencialmente boa para decisões políticas e combina o papel do estratega, com o do foresighter.

Consiste em, dado um certo objectivo (cenário), analisar a tendência inerte de este acontecer, bem como os diversos determinantes (keypoints), ou factores que promovem e factores que evitam.
Simplificando, o que um estratega deverá fazer será consultar o trabalho de um foresighter da área e agir sobre o mesmo.

Vejamos um exemplo muito básico.
Um determinado político está preocupado porque as crianças estão a perder o hábito de brincar na rua.
De seguida, contrata um foresighter e pergunta-lhe: "Nas próximas décadas as crianças vão deixar de brincar na rua?"

O foresighter após algum estudo exaustivo enuncia um conjunto de factores promotores e inibidores:

Factores promotores:

- desportos radicais ou semi-radicais (skate, bicicleta, parkour)
- jogos de grupo (cirumba, polícias e ladrões)
- consciência dos pais que é importante brincar na rua
- condomínios privados (embora não seja o mais saudável)

Factores inibidores:

- falta de segurança face ao crime
- excesso de carros
- comerciantes que afastam as crianças da frente das suas lojas

Após esta consulta, o político apresenta uma proposta com algumas iniciativas:

- construção de espaços para crianças, com comércio apenas virado para as mesmas
- construção de pequenos parques radicais espalhados pelas cidades
- campanha dirigida aos pais
- Professores ensinam no recreio jogos de grupo de rua, jogando várias vezes, mas por pouco tempo, para deixar a vontade de jogar fora do horário
- acção social que visa aproximar os miúdos de classes mais altas com os de classes mais baixas

Naturalmente, este foi um exemplo muito básico que não necessitava de um estudo aprofundado, mas serve para explicar o processo pelo qual devem interagir o estratega e o foresighter.

We are not allone - Competitive Intelligence

O CEO da empresa X reúne-se com a sua equipa de directores e começa a confrontá-los com um indicador menos bom:
A empresa não está a crescer.

“Nós somos dinâmicos. Nós inovamos. Nós prestamos atenção às necessidades dos nossos clientes. Nós aplicamos os mais modernos sistemas de RH. Porque razão não estamos a crescer?”

Um dos mais novos directores faz sinal a pedir a palavra e timidamente diz: “nós não estamos sozinhos”.

O CEO interrompe e continua: “Eu sei que não estamos sozinhos. Temos concorrentes, mas não existe nenhuma razão para não fazermos melhores que eles. Temos que saltar mais alto, correr mais rápido...”

O novo director volta a fazer e sinal e continua:
“ Como dizia, nós não estamos sozinhos e para saltar mais alto e correr mais rápido precisamos de saber para onde correr ou para onde saltar. E para isso precisamos de saber o que faz a nossa concorrência.
Há dois anos oferecemos uma garrafa de vinho aos nossos novos clientes, mas a concorrência oferecia uma garrafa de champanhe. No ano passado, oferecemos um desconto de 2% aos clientes fidelizados. A concorrência já estava a oferecer 3%.
O que eu gostaria de chamar a atenção é que necessitamos de estar atentos e preparados para tudo o que a concorrência irá fazer.
Já temos os RH para os trabalhadores e o Marketing para os clientes.
Mas agora existe também o Competitive Intelligence, que analisa a concorrência e prevê os seus comportamentos dentro do possível, ajudando-nos a tomar decisões mais competitivas.”

O CEO exclama: “Isso é fantástico. Como é que eu nunca ouvi falar de tal coisa?”

O director conclui:

A Competitive Intelligence ainda não é muito conhecida em Portugal, mas já existem consultores especializados na área.

Conspiração espontânea

Conspiração Espontânea é um fenómeno social que, apesar do nome aparentemente contraditório, é algo que já todos conhecemos bem.

O medo do terrorismo, a gripe das aves ou a doença das vacas loucas são alguns dos exemplos mais famosos de conspiração espontânea.
Quando uma eventual possibilidade tem a oportunidade de criar alarmismo ou reacções fortes, há sempre quem esteja interessado em potenciar essa oportunidade.

Os primeiros interessados são sempre os jornalistas.
Ávidos do dramatismo transformam qualquer pequeno sinal de ameaça num anúncio de catástrofe.
A seguir aos jornalistas vêm os bloguers que procuram assunto para abordar e manter o seu espaço dinâmico.
Por último vêm os políticos, cuja agenda anda geralmente a seguir a agenda mediática

Mas para cada fenómeno existem interessados específicos.
Um tratador de vacas terá interesse na gripe das aves, enquanto que um proprietário de aviários terá interesse na doença das vacas loucas.

Já o farmacêutico gostará de fazer propaganda a todas as doenças que possam vir a ter medicamentos associados.

Um caso curioso de conspiração espontânea foi a corrida aos enlatados durante a guerra do Kuwait. Com o medo que os abastecimentos de comida acabassem houve uma corrida aos supermercados para armazenar a dispensa. Claro que se houve alguma escassez, esta deveu-se a um aumento de procura e não a uma diminuição da oferta.
Curiosamente, o mesmo fenómeno não se repetiu durante a guerra do Iraque 10 anos depois.
Simplesmente, porque ninguém se lembrou, ou porque não houve várias pessoas a lembrarem-se umas às outras.

O importante para um foresighter é ter em consideração que estes fenómenos existem e que podem ter consequências gravíssimas, especialmente ao nível de sentimentos negativos como o pânico ou o ódio.
Contudo, uma antecipação destes fenómenos, com pré-campanhas de sensibilização podem anular o efeito especulativo dos mesmos.

Será também importante analisar se estes são weak-signals de um fenómeno recorrente, ou se por outro lado, estes fenómenos têm tendência a diminuir de impacto.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

É que é já a seguir

Ola Mundo,


a 10 minutos da meia noite surge um novo blog.

Apenas para lembrar que quando uma realidade acaba, há outra que começa.

Aqui irá falar-se de foresight, intelligence e um pouco de política.

Até já