quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Biochar – Agrochar – Terra Preta

Depois de escrever o último post onde falava sobre formas de retroceder no aquecimento global soube de uma nova forma de o conseguir. Talvez a mais espantosa das três.

Refiro-me À produção de Terra Preta atráves da Pirolise de biomassa.

Biomassa define quaisquer resíduos orgânico, sejam provenientes da agricultura, pecuária, serrações, etc..

A pirólise é um método de combustão sem oxigénio. O facto de não se utilizar oxigénio faz com que este processo não produza CO2, que é o grande culpado do aquecimento global. Este processo tem ainda um efeito secundário que é o de produzir muita energia. Embora o objectivo desta pirólise seja produzir a terra preta, uma matéria mais valiosa que o petróleo, este processo produz mais energia do que consome (salvo seja).

Após este processo o resultado é uma concentração enorme de carbono. Para retirarmos o carbono do ar (do CO2), basta colocá-lo no solo de forma a equilibrar o que retiramos em petróleo.

Mas o que este processo tem de surpreendente é as características e história desse produto final.

Curiosamente, o nome original deste produto é em português.
O nome Terra Preta vem da Amazónia e é a grande característica que torna essa a maior e mais densa floresta do mundo.
Naturalmente, o solo mais rico em carbono é também o mais fértil, pois o carbono é a base de toda a matéria orgânica. Ou seja, a Terra Preta é o fertilizante mais poderoso existente tornando-se muito útil para acabar com a fome no mundo, ou para promover o desenvolvimento dos países mais pobres.

Resumindo, pegamos em resíduos, queimamos produzindo energia, retiramos Carbono do ciclo reduzindo o aquecimento global e no final ficamos com o melhor fertilizante do mundo.

Este processo já existe e já é utilizado, mas ainda não é feito em grande escala. Contudo, a dualidade de usar resíduos orgânicos e contribuir para o desenvolvimento da agricultura, poderá tornar esta técnica numa tendência.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Preço do petróleo para sempre baixo

O preço do petróleo poderá nunca voltar a subir para os valores astronómicos a que já nos estávamos a habituar. Podemos afirmar com um grau elevado de certeza que não voltaremos a ver o valor de 147 dólares, como assistimos anteriormente.

O preço varia sobretudo em função das duas variáveis: oferta e procura. E como sabemos o preço do petróleo subiu vertiginosamente numa altura em que a procura aumentava de forma exponencial e caiu estrondosamente com a crise e com algum efeito dos ambientalistas.

Mas esta crise está a dar a hipótese a muitos governos de colocar medidas ambientais. Observe-se com especial atenção o exemplo dos EUA.

Já antes da crise os EUA estavam a ganhar uma preocupação para a sua dependência do petróleo importado. Neste momento querem reduzir o seu consumo de petróleo para que nunca mais tenham de importar. É de especial importância o factor de que o mais provável futuro inimigo dos EUA é o Irão, que é também o 2º maior exportador de petróleo do mundo.

Mesmo que os EUA não comprem petróleo ao Irão fazem subir o preço do precioso líquido o que beneficia todos os exportadores. Naturalmente, os EUA não têm nenhum interesse em fazer enriquecer um possível inimigo.

A esta preocupação junta-se a ambiental, que já ninguém com dois dedos de testa, ignora.

É preciso ainda ver que também o elevado custo do petróleo foi um impulsionador para a actual crise. A subida do custo de vida de muitas famílias foi um dos factores que contribuiu para o crédito mal parado, que viria a fazer com que rebentasse a crise.

E a preocupação mais simples e linear de todas é a balança comercial, onde nenhum país gosta de estar a perder. E a energia é sem dúvida um recurso fundamental que desequilibra a balança.

À medida que a economia for recuperando será de esperar um aumento da procura, mas esta crise também está a ajudar a ganhar tempo para aplicar as energias alternativas. E também a forma como consumimos energia está a mudar. Cada vez mais há uma preocupação na eficiência energética. Claro que a esmagadora maioria dos indivíduos está mais preocupado com o que vai gastar em combustível do que com o ambiente, mas isso não o impede de escolher o carro mais ecológico.

Importa também ver que algumas economias habituadas a consumos desregrados vão demorar a recuperar. A Islândia onde o SUV era visto como uma comodity é o maior exemplo disso.

Entretanto vão também entrando em cena cada vez mais impostos ambientais e outras medidas políticas como melhores transportes públicos e mais portagens. Esta época de preços baixos no petróleo e necessidade de medidas keynesianas está a ser útil para a construção de infra-estruturas mais verdes. Para além dos transportes estou também a falar de centrais de energia solar e eólica e formas inovadoras de produzir energia, como por exemplo em biodiesel.

Enquanto antes da crise a preocupação com o ambiente parecia estar sempre do lado oposto ao da economia, agora vemos as preocupações com o ambiente e com a economia do mesmo lado.
energia estão a mudar drasticamente.

Inverter o Aquecimento Global

Inverter o aquecimento global parece à primeira vista impossível porque mesmo que parássemos com as emissões de dióxido de carbono provenientes do petróleo, a quantidade de CO2 não diminuía. Simplesmente parava de aumentar. E mesmo isso talvez não.

Mas como seria de esperar existem esforços no sentido de encontrar uma forma de conseguir retirar o CO2 da atmosfera anulando o aquecimento global e todas as suas consequências.

Desses esforços existem 2 que merecem especial atenção. Um de elevada probabilidade de sucesso, mas com um potencial não muito elevado elevado e outra com um potencial estrondoso, mas de probabilidade de sucesso mais baixa.

A primeira está a ser tentada em Portugal. Um laboratório do MIT descobriu uma forma de produzir biodiesel através das algas de esgoto. Na verdadetodas as algas de esgoto produzem biodiesel, mas em pequenas quantidades. O pormenor fantástico é que a forma de as levar a produzir mais biodiesel é através da adição de CO2.
São duas vitórias numa só tecnologia. Por um lado, retira-se CO2 do ar e por outro temos um combustível que não contribui para o aquecimento global. As algas como todas as plantas e animais são formas de vida baseadas em carbono, portanto retêm em si o carbono. A diferença é que estas algas têm uma elevada densidade de carbono.

A segunda possibilidade é tão fantástica que chega a parecer ficção científica, contudo está a ser tentada numa cooperação dos governos da Índia e da Alemanha.
Como expliquei antes, as plantas são um ponto de retenção de carbono fantástico, sendo que a fotossíntese consiste exactamente em pegar no CO2, reter o carbono e libertar O2. O carbono passa então a fazer parte da planta.
Mas ao contrário do que se possa pensar a maioria das plantas, não vive na superfície terrestre, mas sim no fundo do mar. Aliás, a deterioração do nosso ecossistema é muito mais visível nos oceanos do que na superfície terrestre. O nível de acidez tem feito com que a fauna sub-aquática desapareça libertando ainda mais CO2 para os mares e para a atmosfera.

Mas supostamente é possível estimular a reprodução das plantas marinhas espalhando ferro pelos oceanos. Segundo os defensores desta possibilidade, espalhando este elemento químico na água este estimulará o desenvolvimento das plantas de forma estrondosa.
A relação apresentada é de uma só tonelada de ferro para retirar várias toneladas de carbono da Atmosfera.
Já há alguns anos que esta teoria é apresentada, mas era vista como um pouco rebuscada. Mas aparentemente, a possibilidade de ela estar certa é suficiente para se tentar.

Se alguma destas técnicas terá um sucesso estrondoso, ainda é muito cedo para dizer. Mas para além da possibilidade de sucesso são sinais fortes de que a forma de se pensar o ambiente e a energia estão a mudar drasticamente.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O Preço do Gás

O preço do gás deverá disparar nos próximos anos, caso as energias alternativas não ganhem rapidamente força.

Nos últimos meses têm surgido várias notícias que anunciam a existência de um Cartel sobre o Gás semelhante ao que a OPEP faz sobre o petróleo. Controlado especialmente pela Rússia existe uma pressão forte para que o preço do gás suba, o que trás consequências graves para a Europa.

Contudo, o preço do gás de momento não pode subir muito, porque o gás e o petróleo são produtos concorrenciais. E como o petróleo tem estado a preços muito baixos, o gás não pode subir, para não ser totalmente substituído.

Aquando de uma recuperação da economia, também o preço do petróleo deverá voltar a subir para valores acima dos 100 dólares. Devemos estar preparados para que quando tal aconteça, também o preço do gás suba na mesma proporção.

Contudo, as energias alternativas poderão dar uma ajuda à Economia.

O gás e o petróleo são fortemente utilizados na produção de electricidade e calor.
Nestes dois casos as energias alternativas começam a ganhar terreno e competitividade face ao petróleo e ao gás. Os países, como EUA e Portugal, que estão preocupados com a sua dependência energética, vêem-se obrigados a procurar alternativas, porque a sua economia depende disso.

Já nos combustíveis (gasolina, gasóleo e GPL) as alternativas ainda são fracas concorrentes e o sector é resistente à mudança, pois cada nova tecnologia demora anos a chegar ao mercado e quase uma década a renovar.

Para antevermos a subida do preço do gás devemos estar atentos sobretudo a: Crise Económica, Preço do Petróleo, Cartel do Gás, Energias alternativas no aquecimento e produção de energia elétrica.