quarta-feira, 14 de maio de 2008

O fim da Televisão – Do Broadcasting ao PodCasting

A caixinha que mudou o mundo está a chegar ao fim. Não é nenhuma previsão de longo prazo, mas uma observação do presente.

A razão de ser é enunciada por Alvin Toffler, um dos maiores foresighters de sempre, como o processo de Desmassificação.
Segundo Toffler, associado ao conceito de terceira vaga, vem também o processo de Desmassificação, que não é nada mais que a inversão da mega-tendência de massificação resultante da era industrial.

O consumidor de hoje já não quer o mesmo produto que todos os outros usam. Quer algo feito ao seu gosto, na sua medida, na hora e local que lhe interessa. E quer acompanhado de um serviço pessoal, ao sabor dos seus desejos espontâneos.

A televisão, foi a caixinha que mudou o mundo, exactamente por ser o maior fenómeno de massificação.
Ou seja, estou a referir-me a televisão, não como a tecnologia de ecrã ou o objecto que temos em casa, mas sim o sistema de broadcasting, pelo qual uma equipa de peritos decide o que milhares ou milhões de pessoas vão ver a uma pré-determinada hora.

Como referi antes, o consumidor já não quer mais que lhe digam o que ele quer ver e quando. Quer sugestões, mas não imposições.
E já vamos ver porquê ele quer sugestões.

O consumidor de hoje quer mais duas coisas: novidade e interactividade
- novidade: mais como um conceito de moda. Por vezes a novidade é um programa com mais de 10 anos. Mas naquele momento toda a gente se delicia a ir ver aquele programa antigo.
-interactividade: O consumidor já não gosta de se comportar de forma passiva. Tem prazer em tomar parte da acção, quer fazer parto do que está a acontecer. Enfim, já não gosta de se sentir programado.

A necessidade de sugestões tem muito a ver com o seu desejo de novidade, mas também com o de interactividade.

Observe-se os blogs. Ninguém gosta de ir ler posts antigos de um blog, mesmo quando estes se mantêm actuais. Há um prazer muito maior em ler o que há de novo e interagir em tempo real com o autor e outros leitores.

A televisão soube reagir bem, dentro de certa medida, criando interactividade, canais específicos para nichos de mercado e agora até serviços de pay-per-view e escolher a hora para ver o programa.
Mas o que acontece é que já não estamos a ver televisão porque aos poucos estamos a abandonar o conceito de broadcasting.

Por outro lado, estamos lentamente a abraçar o conceito de podcasting.

Imagine-se os canais da National Geographic e da NBC.
Cada um destes canais disponibiliza um novo programa, uma ou várias vezes por semana, sem que os antigos deixem de estar disponíveis.
O espectador senta-se em frente ao seu plasma e liga no National Geographic onde vê que saiu um novo documentário sobre cobras da austrália e decide vê-lo. No final do episódio, selecciona uma função que diz recomendar a um amigo. O seu amigo, na próxima vez que ligar o televisor verá que aquele programa lhe foi recomendado.
Depois de ver o programa da National Geographic muda para a NBC para descobrir se já saiu o novo episódio do heroes e ao ver que sim liga entusiasmado para ver se o Hiro morreu.
Depois de ver o novo episódio do Heroes, decide ir fazer uma investigação sobre espadas e volta ao National Geographic para ver um programa que já foi emitido há 3 meses atrás.

Mas apesar desta filosofia de Pod-casting vai continuar a existir o serviço Streaming, que na cultura televisiva chamamos de “Directo”, para grandes eventos como jogos ou celebrações de fim de ano.
Mas estas transmissões em streaming nada têm a ver com a programação televisiva, porque não fazem parte uma programação. Inclusivamente o mesmo canal poderá estar a fazer streaming de dois três ou mais programas em simultâneo.

Veja-se agora que um indivíduo ao descobrir que sofre de uma determinada doença, em vez de procurar no google, que acede a excesso de informação desorganizada, prefere procurar nos programas antigos do canal saúde ou do canal da Oprah (apresentadora afro-americana).

Engraçado ver como uma das mais marcantes tecnologias da história teve um tempo de sucesso de menos de 1 século.
Quanto tempo durará o automóvel ?

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