Fez ontem 16 anos que morreu Kurt Cobain. Algumas pessoas dirão que o espírito morreu com ele, mas a influência que ele teve no nosso sentido estético prolongou-se durante os anos 90, tendo um impacto muito elevado nos nossos sentidos estéticos.
Durante os anos 80, a cultura americana era muito orientada pelo espírito Winner-Looser. Todos queriam ser os winners e aqueles que eram considerados Loosers eram marginalizados. Um estilo de roupa muit Kische, um sorriso constante e uma transmissão de auto-confiança eram a noção de cool. Nesta época tudo o que era adoptado nos EUA, era seguido por todo o Mundo, ainda que numa dimensão mais súbtil.
Os bonecos Barbie e Ken representavam o expoente máximo deste estereótipo e ensinavam as crianças a ser assim.
Os Nirvana apresentaram-se como a banda que não poderia reinar neste contexto. A sua música e estilo eram a encarnação do espírito Looser. Este contraste winner-Looser pode ainda ser visto de outras formas como direita-esquerda, expansão-introspecção, kische-irreverência ou imagem-conteúdo. Dependendo do lado de que nos encontramos temos tendência a ver esta diferença cultural.
Podemos ver como Axl Rose, também ele irreverente, mas num registo completamente diferente, muito mais associado aos anos 80, com roupas extravagantes, calções justos e um estilo muito expansivo foi completamente ultrapassado pelos Nirvana. Podemos dizer que Kurt e Axl não podiam co-existir no mesmo público.
A sociedade sofreu uma profunda alteração de valores estético-culturais, sentida sobretudo ao nível dos jovens Main-stream.
Um dos grandes casos de estudo da prospectiva ao nível da cultura é a queda da Mattel e das bonecas Barbie. A grande multinacional que vendia a boneca a preços astronómicos achava que nunca ia ser derrotada porque não conseguiu observar a profunda alteração cultural que estava a atravessar.
Mais tarde, uma pequena empresa criou as bonecas bratz que representavam a nova cultura de irreverência por oposição ao espírito de perfeição e beleza intocável da Barbie. As Bratz foram o maior sucesso e as vendas da Barbie cairam a pique.
Era de esperar que os gestores da Mattel não ouvissem Nirvana, mas não é aceitável que não estivessem atentos às mudanças culturais.
Bastava ter consultado um trend-hunter. O trabalho de um trend-hunter é estar muito atento às novas tendências, ver as novas bandas, os filmes, as formas como os jovens se vestem, como falam e quais são os seus valores estético-culturais.