quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Individualismo


O individualismo é uma mega-tendência, cumprindo assim com 3 requisitos. É geograficamente global, transversal aos vários aspectos da vida e tem se mantido constante ao longo de décadas.
Individualismo é por vezes confundido com egoísmo, mas dentro do contexto dos estudos futuros fazê-lo é um erro. Na verdade existem correntes ideológicas baseadas em individualismo que nada têm a ver com egoísmo.
O individualismo é uma filosofia ou cultura de centrar a sociedade no indivíduo. O oposto do individualismo é o colectivismo ou a construção de híper-identidades. Numa sociedade não individualista as pessoas são compreendidas pelo seu grupo, seja a família, país, tribo, tribo social ou estilo de roupa.
No limite da ausência do individualismo, podemos ver que antes de Cristo o Judaísmo tinha embebido na sua cultura que os filhos carregavam as desonras dos pais. Cristo mudou esta atitude para os seus seguidores afirmando que cada um é apenas responsável pelas suas acções e não pelas dos outros.
Estes e outros passos na história, como o fim dos sacrifícios humanos ou da escravatura,  leva-nos a entender que o individualismo pode até ser visto como uma híper-tendência. Estas são tendências que duram séculos ou milhares de anos, sendo vistas como mudanças naturais da evolução humana.
A razão porque o vemos como uma mega-tendência é consequência da sua aceleração nas últimas décadas.
Quando falamos em Individualismo como Mega-tendência falamos sobretudo da forma como procuramos uma identidade cada vez mais única e da forma como as relações são. Temos cada vez mais relações pessoais mas estas tendem a ser mais voláteis.
Temos maior facilidade em fazer amigos, mas essas amizades são menos estáveis. Procuramos pertencer a vários grupos, sem deixar que nenhum deles nos defina. As relações de amizade facilmente se sobrepõe às familiares, pois partem de uma escolha individual.
A cultura das tribos urbanas muito forte no final do sec XX (betos, heavys, geeks,etc.) são agora vistos como uma limitação cultura e cada um de nós tende a ter hoje um bocadinho de diferentes culturas sem nunca se deixar limitar.
A óbvia consequência negativa é a dificuldade em criar compromissos mais fortes, daí o aumento claro no número de divórcios.
Também a formação académica cada vez nos define menos, procurando-se a multi-disciplinariedade. O individualismo é uma das causas de os estudantes modernos cada vez mais procurarem mestrados e pós-graduações em áreas diferentes da sua licenciatura. Também os títulos académicos como engenheiros, gestores, doutores perdem o seu impacto, valorizando-se mais o que cada pessoa faz na sua vida profissional.
A mobilidade é fortemente acentuada por esta tendência, pois ao estarmos livres de uma identidade de nacionalidade, há menos barreiras psicológicas à emigração. Ao chegarmos a um novo local, mais facilmente seremos também recebidos pelas populações locais ou por outros que chegaram há pouco tempo.
O individualismo tem como causas genéricas a evolução da sociedade, mas especificamente tecnologias e serviços que facilitam a nossa vida, tornando-nos mais independentes. Desde os robots de cozinha aos espaços de cowork é hoje mais fácil criarmos um caminho novo, possuímos mais liberdade e tudo é mais fácil.
Esta mega-tendência funciona por tudo isto, como uma reacção em cadeia. Por exemplo, criando mais mobilidade que por sua vez cria mais individualismo.
A nível de Marketing, surgem algumas ameaças à medida que é cada vez mais difícil criar segmentos, grupos ou nichos de mercado. Por outro lado, surgem várias oportunidades para a customização e sobretudo para a personalização. Cada vez mais os produtos necessitam de ser à medida do consumidor individual.
Em exercícios de Estudos Futuros, esta é uma mega-tendência que nunca pode ficar de fora.

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