segunda-feira, 7 de abril de 2008

Spy Vs. Spy - combate ao terrorismo global

O jogo evoluiu um pouco.
Hoje é Intelligence Vs. Intelligence.

Acho que a melhor forma de explicar o que é Intelligence é dizer “Intelligence foi o que falhou nos EUA antes do 11 de Setembro”.

Como sabemos, a grande guerra dos nossos dias é a do chamado Terrorismo Global.
Mas ao contrário do que somos levados a pensar as grandes batalhas não são os conflitos armados, mas sim os conflitos a nível de intelligence.

Para simplificar digamos que de um lado, temos as forças democráticas e do outro os terroristas globais.
É claro que não é assim tão simples. Nem as forças democráticas são uma grande aliança, nem as forças terroristas são um grande grupo de amigos. Contudo, precisamos de ter em consideração que as forças terroristas, mesmo que não tenham nada em comum sabem que têm muito a ganhar na negociação e no apoio mútuo.

Tanto antes como depois do 11 de Setembro, as forças democráticas (especialmente os EUA, presume-se) analisavam muito o comportamento de possíveis terroristas, negócios de armamento, etc. Naturalmente, depois do 11 de Setembro este esforço foi ampliado exponencialmente.

Do lado dos terroristas também eles tinham um conhecimento amplo dos seus inimigos.

De cada um dos lados, teriam pessoas infiltradas ou então conseguiriam adquirir informações através da compra directa de pessoas bem colocadas. Até que nível, não sabemos.

Cada um dos lados, tem preocupações de pesquisar e analisar o máximo de informação, proteger ao máximo a informação que tem e fazer counter-intelligence, que significa providenciar informação falsa para o inimigo, fazendo-o desperdiçar recursos.

Quando os soldados americanos encontraram Saddam, foi uma forma dos serviços militares americanos dizerem: afinal os nossos serviços de Intelligence funcionam.
Ou seja, as vitórias que vemos de um lado ou de outro são indicadores do funcionamento do Intelligence de cada um.

O que por um lado explica o desejo extremo de vigilância total de alguns governos, nomeadamente o dos EUA e o do Reino Unido. Não querendo com isto dizer que o mesmo se justifica.

Mas é necessário entender-se que a batalha ao nível de intelligence não é uma batalha isolada. Para que este trabalho seja feito, são necessários um conjunto de vitórias a outros níveis. A conquista física e as vantagens diplomáticas são da maior importância.
Aquando da invasão americana a Bagdad, o ministério da defesa foi um dos bombardeados com precisão e destruição total. Este seria muito provavelmente um centro de Intelligence que não se queria operacional.
O facto de estarem muitos soldados americanos em Bagdad também facilita um conjunto de acções de espionagem no Iraque, no Afeganistão e outros países vizinhos. Lembro que acções de espionagem podem ser simples subornos feitos numa praça pública de forma algo discreta.
Outros tipos de informações valiosas podem ser retiradas como: que tipos de armamento tinham? Em que quantidades ? Qual a origem desse armamento ?
Daqui podem se concluir um conjunto de novas informações de elevado interesse estratégico. Pois aquilo que existia no Iraque, até um certo grau de incerteza espelhava o que haveria no Afeganistão.

Também a nível diplomático é extremamente importante conseguirem-se vitórias, porque qualquer aliado é uma fonte muito rica de informação. Quanto mais próximo ele estiver do inimigo, mais importante é que ele se torne um aliado.
Nunca se deve menosprezar a importância da opinião pública. Repare-se como o povo americano tinha um nível de permissividade ao seu governo em 2002, que perdeu ao longo dos anos seguintes. Em 2006, o povo americano já duvidava que o 11 de Setembro tivesse sido obra de terroristas e apontava o dedo ao seu próprio governo.
Quando isto aconteceu fecharam-se canais de comunicação que interessavam ao governo americano e abriram-se outros canais de comunicação que não interessavam.

Não deixa de ser curioso como um país que domina com tanta excelência as técnicas de influência de opinião pública, consegue falhar em temas tão substanciais.

Curioso também é perceber a importância que tem para os terroristas justificar os seus actos, através de processos de auto-vitimização,acusando o outro lado de intolerância contra a sua religião.
É verdade que deste lado há muita intolerância desregrada, mas um terrorista não tem qualquer argumento.
Contudo, através dos nossos erros de intolerância as facções terroristas conseguem atrair os moderados para o seu lado de fanatismo e para as suas causas de destruição.

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